Devia ter telefonado pedindo as compras, pensou Vanessa, enchendo o carrinho e tentando ignorar as pessoas que a observavam, os jovens, muito mais jovens do que os que pensaria em namorar, fitando-a intensamente. Ela sorriu docemente, um típico sorriso de passarela, admitiu, rindo baixinho. Alguns homens eram pescadores, e ainda usavam as botas de borracha da pescaria.
Checando a lista, Vanessa dirigiu-se ao caixa. Vai começar, pensou, vendo que as pessoas aproximavam-se de onde estava, como felinos. Um adolescente que varria o chão chegou mais perto. A vendedora parecia não ter pressa, fitando-a demoradamente, apesar da fila. Os clientes não tiravam os olhos dela. Não era de admirar que Efron não saísse de casa. O que teria acontecido com a hospitalidade do sul?
— Você é nova aqui? — perguntou a vendedora, uma loira que usava argolas enormes nas orelhas e mastigava chiclete.
— Sim. É uma linda ilha — disse Vanessa. Era melhor deixá-los orgulhosos da terra onde viviam.
— Está no castelo, não é?
— Sou a babá que o sr. Efron contratou.
— Babá?! — exclamaram várias pessoas ao mesmo tempo.Vanessa olhou ao redor, fitando um a um, todos que estavam
próximos.
— O sr. Efron está esperando a filha chegar, e estou aqui para cuidar dela.
— Pobre criança — disse uma velha senhora, num tom sombrio.
— Por quê? — perguntou Vanessa, embora soubesse a resposta.
— Imagine ter um homem tão horrível como pai.
— Conhece o sr. Cullen? — perguntou Vanessa.
— Não exatamente.
Esperando que sua expressão fosse da mais pura inocência, indagou:
— Então, como pode saber como ele é?
— Ele nunca sai daquele lugar — disse a vendedora. — Não mostra o rosto há quatro anos. Nem mesmo Billy, que mora lá, conseguiu vê-lo de perto.
Billy, Vanessa imaginou, devia ser o caseiro, que ainda não conhecera.