sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Parte 5 e 6 do Capítulo 2

Saindo para a varanda, Vanessa gritou:

— Desculpe-me. Não tive a intenção de me intrometer.

— Mas fez exatamente isso — disse Efron, vestindo o casaco de costas para ela.

— Desculpe-me. Vou para outro lugar.

Zachary suspirou, desejando virar e fitá-la nos olhos.

— Não quero que sinta que precisa afastar-se de onde estou.

— Mas é exatamente o que quer. Preferia que eu não estivesse aqui, não é mesmo? — Ela viu que os ombros dele enrijeciam. — O mínimo que podemos fazer é ser honestos um com o outro.

Zachary apertou os lábios, suspirando mais uma vez.

— É verdade. Mas posso garantir que não me importo de não ter mais a casa só para mim.

— Não precisa se esconder.

— Eu não me escondo. Escolhi este estilo de vida, srta. Hudgens, e nos últimos quatro anos aprendi que é a melhor maneira de viver.

— Quer dizer, a mais fácil.

— Nada é fácil para mim, senhorita.

— E quanto a sua filha? Ela espera encontrar o pai. Precisa de carinho e conforto. Perdeu a mãe.

O peito de Zachary apertou-se ao pensar na tristeza de Pâmela, e como gostaria de confortá-la.

— Foi por isso que a contratei, srta. Hudgens.

— E não se importa com ela?

Como podia dizer a Vanessa que ao saber da existência da filha, poucas semanas atrás, sentira raiva da mãe de Pâmela, por abandoná-lo, carregando no ventre o bebê que era deles, por não lhe dar uma chance de conhecer a criança, antes de lhe tirar tudo que tinha. O amor pela mulher desaparecera quando ela partira, abandonando-o quando ele mais precisava, condenando-o à prisão e ao isolamento. Como podia esquecer o passado?

— Eu me importo. Muito. Mas mal tive tempo de me acostumar com a idéia de que sou pai. — Ele começou a andar para a garagem.

— É bom se acostumar — disparou Vanessa, enquanto ele se afastava.

— Depois de amanhã ela estará aqui, querendo vê-lo, e como poderei explicar que o pai não quer encontrá-la?

— Diga a verdade — respondeu ele, sem parar de andar. — Que o pai não quer ser mais uma fonte de pesadelos para ela.

A resposta deixou-a sem ação, e antes que pudesse pensar no que dizer, ele tinha desaparecido. Virando-se, ela fitou Billy.

— Acho que as coisas não correram muito bem, não é? Billy observou-a atentamente, como se estivesse avaliando cada detalhe, e Vanessa não saberia dizer qual fora a impressão do homem, já que sua expressão continuava impenetrável.

— Não, madame.

— Sou Vanessa Hudgens.

— O sr. Efron me disse.

— E o que mais ele falou a meu respeito?

A expressão de Billy continuou impenetrável, e ele virou-se para arrumar as pilhas de madeira. Por certo precisariam delas para aquecer-se nas noites de tempestade, imaginou Vanessa, pensando em como o castelo de pedra devia ser frio no inverno.

— Todos na cidade têm uma imagem errada dele. Mas já deve saber disso, não é? — Ela admirava o fato de o caseiro respeitar o segredo de Efron, mesmo exposto à curiosidade de todos.

Billy arrumou mais uma pilha.

— Poderia ao menos me dizer como é a rotina dele? Assim poderei ficar fora do caminho.

Billy afastou o boné para trás, fitando-a por alguns instantes, antes de falar:

— Não.

— O quê? — Ela não podia acreditar no que ouvira.

— O sr. Efron não segue rotinas, faz o que quer. Se encontrá-lo novamente vai ter que lidar com a situação.

— Obrigada pela ajuda. — Vanessa cruzou os braços, fitando-o diretamente. — Prefere vê-lo se escondendo, ou saindo da toca para conhecer a filha?