Era um tolo. O abandono da mulher não lhe ensinara nada, ou não teria tocado Vanessa. Sentado na escrivaninha, o sol nascendo atrás dele, Zachary bateu nas teclas, fazendo uma porção de erros, até desistir, empurrando o teclado. Recostando-se na cadeira de couro, fechou os olhos, e quase pôde sentir a maciez daquele corpo que tanto desejava tocar.
E que homem não desejaria fazê-lo, pensou. O corpo de Vanessa era curvilíneo, e ela tinha um jeito de andar que quase o enlouquecia.
Ele sacudiu a cabeça. Seria mais difícil do que tinha pensado, e sabia que a lembrança de tocá-la seria tão torturante quanto a própria ação.
Era a babá, lembrou a si mesmo. Fora contratada para ajudá-lo.
Levantando-se, foi até a janela. Que Deus me ajude, pensou. Vanessa era o sonho de qualquer homem. E estaria ali por muito tempo, provocando-o.
Atrás dele, o e-mail soava, o fax gemia, e Zachary ignorava tudo, os olhos presos à faixa de areia lá embaixo. Havia pegadas no solo úmido, e imediatamente soube que eram de Vanessa. Será que levaria Pâmela para longos passeios, à procura de conchas? Será que Pâmela gostaria dali? E do quarto, dos brinquedos? Ou ficaria assustada, com medo? As perguntas surgiam-lhe na mente, e teve que admitir que não sabia nada sobre a filha de quatro anos. Mas Pâmela era tudo que tinha no mundo, e faria o possível para que nada lhe faltasse.
Exceto você mesmo, disse uma voz interior, e a culpa dominou-o.
E se nada daquilo fosse suficiente, e traumatizasse a menina? Era tão pequena, inocente. No momento, não tinha dúvidas de que Vanessa cuidaria de tudo. Era encantadora, mesmo com aquela língua afiada, e suspeitava que Pâmela acabaria se divertindo, depois de ter passado de um amigo para outro, após o acidente. Tanto ele quanto Tânia não tinham família. Soubera da morte da mulher por um policial, e cinco dias depois um advogado, executor do testamento de Tânia, o informara da existência da filha. Com a permissão dele, Katherine Davenport tirara Pâmela do abrigo do Serviço Social, e tomara providências para arranjar uma babá, e trazer a menina para a ilha. Era tudo tão frio, formal. Tânia escondera a criança até a tragédia acontecer. Mas ele tivera tempo suficiente para pensar na mulher que havia conhecido num baile de caridade, e com quem se casara, sete anos atrás.
Tânia tinha sido linda, como uma boneca de porcelana, embora durante o casamento tivesse ficado cada vez mais egoísta e exigente, gostando muito mais do estilo de vida que tinham do que dele. Agora percebia que ela gostava das empregadas e cozinheiros, e que quanto mais lhe dava, mais queria. Até que ele desejara ter filhos, parar de viajar o tempo todo. Ela havia discutido e reclamado, até Zachary ceder. Devia ter engravidado naquela noite selvagem, na praia, na véspera do acidente. Apesar disso, quando o acidente o privara da beleza que a atraíra, Tânia o abandonara. Não a culpava por tê-lo feito. Era frágil, imatura, e ele por certo não fora mais o mesmo homem. Nem por fora, nem por dentro. Tentava imaginar o que Tânia dissera a Pâmela sobre ele, mas logo desistiu.
Não fazia diferença. Suspirando, voltou a trabalhar no computador, até que uma voz suave soou no interfone:
— Muito trabalho sem comer, deixa o sr. Efron de mau humor.
Zachary sacudiu a cabeça, com um meio sorriso. Apertando o botão do interfone, perguntou:
— Preparou alguma coisa? — O estômago dele roncou, diante da perspectiva de uma refeição.
— Sim. E Billy não vai conseguir comer tudo. — Houve uma pausa, mas logo ela continuou: — Nunca fui capaz de cozinhar para menos de seis pessoas. Ainda bem que gosto de sobras, não é?
Zachary imaginou se alguma vez ela ficava de mau humor, e sentiu-se grato por não mencionar a noite anterior. Não queria a piedade dela. Já aprendera o suficiente a esse respeito com a ex-mulher. Não podia esquecer o modo como ela se encolhia, cada vez que tentava tocá-la. Sacudindo a cabeça, pensou em como fora tolo na noite anterior. Mas parte dele queria saber se Vanessa sentira o mesmo calor que o invadira. Nem Tânia conseguira provocar uma reação como aquela, e ele a amara.
— Estou com fome.
Vanessa tentou não gostar tanto da voz dele, nem lembrar-se de como parecera sedutor na tênue luz da varanda. Mais uma vez se perguntava como podia sentir tanta atração por um homem que nunca vira, embora soubesse que a aparência, o dinheiro ou o charme, pouco tinham a ver com o que o corpo dizia. E o corpo de Zchary Efron dizia muita coisa. Vanessa só esperava que o seu não entendesse...
— Vou levar aí em cima — disse, por fim. Ele detestava estar isolado ali.
— Obrigado — agradeceu.
Um momento de silêncio, e então ela disse:
— Recebi seu e-mail com as regras.
— E estou certo de que quer fazer algum comentário — retrucou ele, e quase podia ver como ela cerrava os lábios, furiosa.
—Alguma delas é negociável?
— Por exemplo?
— Esta sobre não ir ao terceiro andar. Como a empregada vai fazer a limpeza?
— Ela conhece as regras. Avisa antes de subir, e eu simplesmente vou para outra parte da casa.
— Entendo. — Zachary ouviu-a suspirar. — Essa comunicação pelo interfone é tão impessoal.
— É assim que tem que ser, Vanessa.
Lá embaixo, na cozinha, ela encostou a testa na parede. Cabeça dura.
— Nada é imutável, sabia?
— Não. — Ele parou por alguns instantes. — O que você quer, Vanessa?
A irritação dele atingiu-a, provocando uma reação imediata. O que queria? Apenas uma vida normal. Antes que Pâmela chegasse. Mas sabia que Zcahary continuaria resistindo.
— Nada — respondeu, suavemente. — Acabarei dando um jeito de contornar as regras. Especialmente esta, de não andar pela casa a noite. Gosto de tomar chocolate quente, olhando as estrelas.
— Então deve estar se sentindo em casa aqui.
— É verdade.
Zachary queria que ela se sentisse à vontade, especialmente com Pâmela chegando na manhã seguinte. Estava desesperado para que ficasse, especialmente depois que Katherine Davenport ligara naquela manhã, dizendo que não encontrara uma substituta qualificada.Zachary achou que estava zangada com ele, e não estava fazendo muito esforço.
Alguns minutos mais tarde, ouviu uma batida na porta. Edward aproximou-se, espiando pelo visor. Ela era mesmo persistente.
— Deixe aí mesmo.
Ela mostrou a língua para a porta.
— Encantadora, srta. Hudgens — disse, secamente. Vanessa sorriu, sem jeito, e colocou a bandeja de lado.
— Sobre a noite passada...
Zachary gemeu, baixinho, e apertou o botão do interfone, junto à porta.
— Foi errado tocá-la.
— Por quê? Ele piscou, surpreso.
— É a babá da minha filha.
— Muito conveniente, não é?
— O quê?
Ela recuou um passo, diante do tom da voz dele.
— Bem, estou aqui, sou mulher e...
— É linda demais.
Os lábios dela apertaram-se, revelando toda a amargura que sentia. Quase desejou ter cicatrizes, como Efron. Pelo menos saberia que os homens não a desejavam só pela beleza.
— Não é o que quis dizer.
— Está imaginando há quanto tempo não tenho uma mulher? A voz rouca fez os joelhos dela fraquejarem.
— É claro que não!
— Mentirosa.
Ela cruzou os braços, olhando para a porta
— Ofender o outro é uma atitude infantil.
— Desculpe-me.
— Esqueça.
— Está bem.
Mas Vanessa duvidava. Especialmente depois que a evitara cuidadosamente, e depois a agarrara como se fosse a tábua de salvação de um náufrago. Ainda assim, não podia ignorar a eletricidade que os envolvera, o calor que percorrera seu corpo. E a vontade que sentira de tocá-lo, de provar a força daquele corpo alto e rijo. Ele a fizera sentir-se pequena, indefesa, e naqueles poucos segundos, protegida.
Não era algo que pudesse esquecer facilmente.
— Se quiser mais, é só pedir — disse ela, afastando-se e descendo a escada.
Zachary pegou a bandeja, e admirou a enorme variedade de comidas: ovos, panquecas, salsichas, bacon, café, torradas, geléia e biscoitos. Teria que correr mais alguns quilômetros para queimar tudo aquilo, pensou, saboreando as delícias. E tentando não pensar na mulher que as preparara.
Durante o resto do dia o contato entre eles foi mínimo. E Zachary esperou, impaciente, que a noite chegasse. As sombras o protegiam e lhe davam liberdade. Sentia-se como um vampiro, condenado à escuridão. A noite era sua amiga, embora amasse o dia, o sol.
Agora olhava para a mulher que dormia no sofá, com um livro aberto sobre o peito. Ele inclinou a cabeça para ler o título. Crianças e Pesar. Mais uma vez, pensou em como Pâmela iria se apoiar nela, enquanto ele desejava confortá-la. Como queria abraçar a filha, acariciá-la, saber tudo sobre ela, vê-la crescer e aprender. Mais uma vez amaldiçoou Tânia por não ter lhe permitido compartilhar a vida de Renesmee. Então percebeu, com enorme pesar, que estava confiando em Vanessa, para amar a filha no lugar dele.
...
Vanessa viu a balsa chegar e a grade de segurança ser levantada. As pessoas começavam a sair do barco, e ela procurou a garotinha na multidão, com a acompanhante que a traria até ali. O que viu foi à criança mais linda que jamais vira, de cabelos escuros, rosto angelical, agarrada à mão de Katherine Davenport.
Olhando para a ex-colega de faculdade, Vanessa sorriu.
— Fico feliz que você a tenha trazido. Katherine olhou para a garotinha e sorriu.
— Achei que alguém familiar seria melhor do que um estranho.
Vanessa podia ver as perguntas nos olhos de Katherine, desejando saber como iam as coisas com Zachary Efron. Sem querer lhe dar qualquer indicação do que acontecera na noite anterior, ficou grata ao ver que um homem se aproximava e pegava as malas de Pâmela. Vanessa acompanhou-o até o carro que Zachary lhe permitia usar, e ele colocou as malas no banco de trás. Depois de pagá-lo, voltou para o par que a aguardava. Vanessa ajoelhou-se e sorriu para Pâmela. A garotinha enterrou o rosto na saia de Katherine.
Será que eu tenho que implorar comentários?
Pois então aqui vai:12 comentários ou nada de mais posts
terça-feira, 3 de maio de 2011
sábado, 26 de março de 2011
4 partes do Capítulo 2
— Está me observando.
— Como sabe?
— Posso sentir.
Será que sabia que ele também podia senti-la?
— E o que sente?
Vanessa parou. As palavras, murmuradas num tom suave, convidavam à intimidade, trazendo um desejo inesperado. O coração dela disparou.
— É como uma invasão. — Ela arrumou os legumes numa travessa, cobrindo-os com água. — E não gosto disso — completou, colocando-os na geladeira.
— É uma mulher muito linda, Vanessa. Que homem não a olharia? Você sabe disso.
— Sim, sei como as pessoas valorizam a aparência — murmurou, desligando o forno.
— Eu também — declarou Edward, num tom amargo.
— Então temos algo em comum. — Ela tirou a última assadeira do forno, colocando-a sobre o fogão, antes de virar-se.
Ele tinha desaparecido. Como se um vento frio a atingisse, soube que não estava mais ali.
— Também não gosto disso, sr. Efron — gritou, para a casa vazia.
Não houve resposta, e nem ela esperava isso.
Zachary desceu pela escada de serviço trazendo os pratos do jantar. Depois de colocá-los na lavadora, pegou um biscoito na assadeira sobre o fogão. Mastigando, atravessou a sala de jantar e chegou à biblioteca, estranhando o ar frio que penetrava na casa.
Ao entrar na sala de estar, parou de repente. Cada fibra do corpo dele reagiu ao vê-la.Vanessa estava na varanda, atrás da sala, e as portas francesas estavam completamente abertas. As mãos dela apoiavam-se na grade, e o roupão leve, verde-claro, flutuava ao sabor da brisa da noite sem lua. A frente dela, o mar batia no cais, iluminado apenas pelas luzes suaves que cercavam a casa.
Zachary poderia jurar que estava vendo um anjo. O vento erguia os cabelos acobreados, fazendo-os flutuar.
— Não é fantástico? — perguntou ela.
Ele enrijeceu, sentindo-se encurralado na própria casa.
— Não é? — insistiu, virando-se levemente na direção dele. Zachary sabia que não podia vê-lo claramente, com a luz
trás dela.
— Gosta deste tempo?
Vanessa voltou a olhar o mar. Ao longe se viam relâmpagos.
— É meu favorito. Tempestades, trovões, chuva... Zachary percebeu que ela lhe dera as costas de propósito,
dando-lhe a chance de se aproximar. O gesto o comoveu, mas ao mesmo tempo deixou-o inquieto. Será que ela viraria de repente e começaria a gritar? Ainda assim, reconheceu que não podia resistir ao desejo de se aproximar mais um pouco. Saindo para a varanda, encostou-se nas cortinas que voavam pelas portas abertas e que podiam lhe dar alguma proteção.
— Obrigado pelo jantar.
Ela deixara a bandeja do lado de fora da porta do quarto dele, numa mesinha que carregara para cima.
— Por nada. Não precisa comer lá em cima, sozinho, sr. Efron.
— O que pretende? Que jantemos como duas pessoas civilizadas?
— Por que não?
— Acho que já sabe a resposta.
— E o que devo dizer a Pâmela? Sinto muito por ter perdido sua mãe, e olhe, na verdade não tem um pai. Apenas um benfeitor.
— Diga a ela o que achar melhor.
— Sei que se importa, sr. Efron. Vi o quarto dela.
— Só porque não quero vê-la, não significa que não quero que fique confortável aqui. Não percebe? Ela é uma criança. Um simples olhar para o que sobrou do meu rosto, e terá pesadelos por uma semana.
— Ele sacudiu a cabeça. — Acho que devo poupar a nós dois dessa situação.
Vanessa chegou mais perto, e viu que ele cruzava os braços à frente do peito, numa atitude defensiva. O gesto era claro. Não poderia alcançá-lo. Não agora.
— Acha mesmo que uma criança vai se satisfazer com isso?
— Terá que ser assim.
— Mas sou uma estranha.
— Eu também.
Vanessa suspirou, frustrada, cerrando os punhos.
— É um homem muito difícil.
Houve um instante de silêncio, antes de ele responder:
— Só quero protegê-la.
— Impedi-la de conhecê-lo não é proteção.
— Por acaso é uma autoridade em crianças? — A voz dele revelava descrença.
— Tenho alguma experiência.
— É mesmo?
Pouco importava o tom crítico na voz dele, pensou Vanessa.
— Não gosta que outras pessoas vejam o que lhe aconteceu, e então se esconde. Só vê aquilo que quer. Não tive filhos, mas gostaria de ter. Fui professora na escola da embaixada por vários anos, e cursei psicologia infantil na universidade. Além disso, sou a mais velha de cinco irmãos. Não acha suficiente?
Com raiva, afastou-se da grade e já ia entrar, quando Zachary segurou-a pelo braço. Os dois foram envolvidos pelas dobras das cortinas que flutuavam ao vento.
— Sim. É suficiente.
Vanessa mal conseguia respirar, e seu coração batia acelerado. Ele era um homem grande, forte, e os dedos circundavam-lhe o braço, impedindo-a de mover-se. Estava consciente da proximidade dele, do perfume masculino, do corpo que quase tocava o dela, fazendo-a estremecer.
Ele era misterioso, intenso.
O que a atraía não era a solidão dele, nem a amargura. Era o homem que sofrera muito, mas sobrevivera. Que não deixara ninguém se aproximar. Vanessa viu a sombra da cabeça dele aproximar-se e soube que desejava beijá-la. E quase desejou que o fizesse.
— Você tem perfume de... liberdade — sussurrou ele, cada célula do corpo gritando que era um homem, e que ela era uma linda mulher.
Mesmo sabendo que devia fazer anos que ele não estava com uma mulher, que devia afastar-se depressa, Vanessa foi incapaz de resistir ao desejo de tocá-lo. Erguendo a mão, colocou-a no peito forte.
A respiração dele ficou ofegante, e num gesto brusco afastou-se, subitamente consciente do que acontecia.
— Não quero sua piedade, e isto é errado.
Ele afastou-a e Vanessa perdeu o equilíbrio, enquanto Zachary entrava depressa, desaparecendo na casa, de volta à sua caverna escura.
Queria dizer-lhe que a última coisa que sentira em seus braços era piedade. Mas ele já se fora.
Fim do capítulo II.
— Como sabe?
— Posso sentir.
Será que sabia que ele também podia senti-la?
— E o que sente?
Vanessa parou. As palavras, murmuradas num tom suave, convidavam à intimidade, trazendo um desejo inesperado. O coração dela disparou.
— É como uma invasão. — Ela arrumou os legumes numa travessa, cobrindo-os com água. — E não gosto disso — completou, colocando-os na geladeira.
— É uma mulher muito linda, Vanessa. Que homem não a olharia? Você sabe disso.
— Sim, sei como as pessoas valorizam a aparência — murmurou, desligando o forno.
— Eu também — declarou Edward, num tom amargo.
— Então temos algo em comum. — Ela tirou a última assadeira do forno, colocando-a sobre o fogão, antes de virar-se.
Ele tinha desaparecido. Como se um vento frio a atingisse, soube que não estava mais ali.
— Também não gosto disso, sr. Efron — gritou, para a casa vazia.
Não houve resposta, e nem ela esperava isso.
Zachary desceu pela escada de serviço trazendo os pratos do jantar. Depois de colocá-los na lavadora, pegou um biscoito na assadeira sobre o fogão. Mastigando, atravessou a sala de jantar e chegou à biblioteca, estranhando o ar frio que penetrava na casa.
Ao entrar na sala de estar, parou de repente. Cada fibra do corpo dele reagiu ao vê-la.Vanessa estava na varanda, atrás da sala, e as portas francesas estavam completamente abertas. As mãos dela apoiavam-se na grade, e o roupão leve, verde-claro, flutuava ao sabor da brisa da noite sem lua. A frente dela, o mar batia no cais, iluminado apenas pelas luzes suaves que cercavam a casa.
Zachary poderia jurar que estava vendo um anjo. O vento erguia os cabelos acobreados, fazendo-os flutuar.
— Não é fantástico? — perguntou ela.
Ele enrijeceu, sentindo-se encurralado na própria casa.
— Não é? — insistiu, virando-se levemente na direção dele. Zachary sabia que não podia vê-lo claramente, com a luz
trás dela.
— Gosta deste tempo?
Vanessa voltou a olhar o mar. Ao longe se viam relâmpagos.
— É meu favorito. Tempestades, trovões, chuva... Zachary percebeu que ela lhe dera as costas de propósito,
dando-lhe a chance de se aproximar. O gesto o comoveu, mas ao mesmo tempo deixou-o inquieto. Será que ela viraria de repente e começaria a gritar? Ainda assim, reconheceu que não podia resistir ao desejo de se aproximar mais um pouco. Saindo para a varanda, encostou-se nas cortinas que voavam pelas portas abertas e que podiam lhe dar alguma proteção.
— Obrigado pelo jantar.
Ela deixara a bandeja do lado de fora da porta do quarto dele, numa mesinha que carregara para cima.
— Por nada. Não precisa comer lá em cima, sozinho, sr. Efron.
— O que pretende? Que jantemos como duas pessoas civilizadas?
— Por que não?
— Acho que já sabe a resposta.
— E o que devo dizer a Pâmela? Sinto muito por ter perdido sua mãe, e olhe, na verdade não tem um pai. Apenas um benfeitor.
— Diga a ela o que achar melhor.
— Sei que se importa, sr. Efron. Vi o quarto dela.
— Só porque não quero vê-la, não significa que não quero que fique confortável aqui. Não percebe? Ela é uma criança. Um simples olhar para o que sobrou do meu rosto, e terá pesadelos por uma semana.
— Ele sacudiu a cabeça. — Acho que devo poupar a nós dois dessa situação.
Vanessa chegou mais perto, e viu que ele cruzava os braços à frente do peito, numa atitude defensiva. O gesto era claro. Não poderia alcançá-lo. Não agora.
— Acha mesmo que uma criança vai se satisfazer com isso?
— Terá que ser assim.
— Mas sou uma estranha.
— Eu também.
Vanessa suspirou, frustrada, cerrando os punhos.
— É um homem muito difícil.
Houve um instante de silêncio, antes de ele responder:
— Só quero protegê-la.
— Impedi-la de conhecê-lo não é proteção.
— Por acaso é uma autoridade em crianças? — A voz dele revelava descrença.
— Tenho alguma experiência.
— É mesmo?
Pouco importava o tom crítico na voz dele, pensou Vanessa.
— Não gosta que outras pessoas vejam o que lhe aconteceu, e então se esconde. Só vê aquilo que quer. Não tive filhos, mas gostaria de ter. Fui professora na escola da embaixada por vários anos, e cursei psicologia infantil na universidade. Além disso, sou a mais velha de cinco irmãos. Não acha suficiente?
Com raiva, afastou-se da grade e já ia entrar, quando Zachary segurou-a pelo braço. Os dois foram envolvidos pelas dobras das cortinas que flutuavam ao vento.
— Sim. É suficiente.
Vanessa mal conseguia respirar, e seu coração batia acelerado. Ele era um homem grande, forte, e os dedos circundavam-lhe o braço, impedindo-a de mover-se. Estava consciente da proximidade dele, do perfume masculino, do corpo que quase tocava o dela, fazendo-a estremecer.
Ele era misterioso, intenso.
O que a atraía não era a solidão dele, nem a amargura. Era o homem que sofrera muito, mas sobrevivera. Que não deixara ninguém se aproximar. Vanessa viu a sombra da cabeça dele aproximar-se e soube que desejava beijá-la. E quase desejou que o fizesse.
— Você tem perfume de... liberdade — sussurrou ele, cada célula do corpo gritando que era um homem, e que ela era uma linda mulher.
Mesmo sabendo que devia fazer anos que ele não estava com uma mulher, que devia afastar-se depressa, Vanessa foi incapaz de resistir ao desejo de tocá-lo. Erguendo a mão, colocou-a no peito forte.
A respiração dele ficou ofegante, e num gesto brusco afastou-se, subitamente consciente do que acontecia.
— Não quero sua piedade, e isto é errado.
Ele afastou-a e Vanessa perdeu o equilíbrio, enquanto Zachary entrava depressa, desaparecendo na casa, de volta à sua caverna escura.
Queria dizer-lhe que a última coisa que sentira em seus braços era piedade. Mas ele já se fora.
Fim do capítulo II.
sábado, 5 de março de 2011
Mais 3 partes do capítulo 2
Ele não respondeu, e ficou bem claro para Vanessa o quanto era leal ao patrão. Mas quando ele segurou o machado, disposto a recomeçar o trabalho que Efron interrompera, ela o impediu, segurando o braço que se erguia.
— Não vou sair daqui até ter certeza de que Pâmela tem todo o cuidado e atenção que merece. Entendeu, sr. Black?
Os olhos dele brilharam, embora a expressão do rosto continuasse inalterada.
— Sim, senhora. E pode me chamar de Billy, senhora.
— Vanessa — corrigiu ela, virando-se para a casa e acrescentando — Estou esperando que entreguem as compras. Assim, acho melhor recolocar aquela expressão séria no rosto. Afinal, é o que todos esperam, não é mesmo?
Billy olhou-a afastar-se, lutando para esconder um sorriso.
— Sim, senhora.
O doce aroma de algo assando espalhava-se pela casa, mesclando-se ao som de risadas. Aquilo o atraiu, embora descesse pela antiga escada de serviço, para não ser visto. Passagens escondidas atrás das paredes formavam um labirinto, através do qual podia mover-se sem ser visto, apesar de os corredores serem bem estreitos. Fazia muito tempo que não passava por lá, depois de tê-los descoberto. Não gostava da sensação de passar por eles, mas havia pessoas na casa, depois de anos em que ele e Billy haviam sido os únicos moradores. Mas agora ela estava ali, assando algo na cozinha. A vontade de vê-ia o atraía tanto quanto o aroma do que assava no forno. Mas, acima de tudo, era a risada límpida e espontânea que o atraíra. Podia distingui-la facilmente no meio das outras vozes. Havia algo em Vanessa Hudgens que lhe despertava sensações que julgara adormecidas. Ela o desafiava, provocava, mas Zachary sabia que, se cedesse à tentação de ver o rosto dela, teria muito a perder. A filha precisava de Vanessa, uma vez que ele não podia ficar com ela.
Parando no fim do corredor escuro, afastou um pouco o painel disfarçado que cobria a parede. Ela estava tirando uma assadeira do forno e colocando biscoitos num prato. Era uma cena tão doméstica, comum, algo que Tânia nunca se incomodara em fazer, que o pegou de surpresa. Havia três pessoas sentadas nos bancos altos. Vanessa ofereceu os biscoitos aos convidados. Convidados, ali, na casa dele. Pela primeira vez. Queria ficar zangado. Queria que fossem embora, pela simples razão de que não podia unir-se a eles.
E ao vê-la conversando, tão animada, seu isolamento parecia ainda mais difícil e amargo.
Mas ela era tão linda, os homens pareciam fascinados pelo que dizia. E então, quando Vanessa inclinou-se para colocar outra assadeira no forno, Zachary percebeu que todos olhavam as formas do corpo bem-feito. Será que os homens estavam ali movidos pela curiosidade em relação a casa, ou apenas por causa dela?
— É uma casa muito grande — disse o adolescente, que ele reconheceu como o entregador que trazia as compras.
— Sim, é enorme — respondeu ela, colocando colheradas de massa na forma.
— Apavorante — disse um dos homens, olhando ao redor.
— Adoro a casa — afirmou Vanessa. — É linda, charmosa. A arquitetura, as pedras, tudo lembra a história de muitas partes do mundo.
Era exatamente o que sentira ao ver a casa, pensou Zachary, inclinando-se para ouvir melhor.
— Você já o viu?
— É claro.
— É muito horrível?
Zachary esperou pela resposta, prendendo a respiração.
— Não tem nada de mais.
Nada de mentiras, nem de informações, e ele imaginou por que Vanessa estaria agindo assim.
— Então por que se esconde?
— Ele é um homem reservado, e talvez por não ter sido bem recebido... —Vanessa parou de arrumar os biscoitos e virou-se, fitando-os por cima do ombro. Zachary percebeu a determinação na voz dela. — E se alguém ousar fazer qualquer comentário na frente da filha dele, terei que mostrar como meu avô me ensinou a atirar muito bem. E também como tirar a pele dos animais que caçávamos.
Zachary disfarçou uma risada, e quando olhou novamente, os convidados riam, sem jeito, não muito certos se ela falava a sério ou não. Logo se despediam, agradecendo pelo café.
Vanessa acompanhou-os, fechando a porta assim que saíram. Voltando para o balcão, pegou a forma que acabara de encher e colocou-a no forno, no lugar da que já estava pronta. Não conhecia nenhuma criança que não gostasse de biscoitos de chocolate, e esperava que Pâmela não fosse uma exceção. Queria que a menina se sentisse bem-vinda naquela casa escura e silenciosa. De repente, percebeu que não estava sozinha e ergueu o olhar. Então o viu, uma sombra escura entre a parede do canto e a porta entreaberta da despensa.
Uma sombra grande, larga, da qual só podia ver o jeans surrado que cobria as pernas fortes. Como chegara até ali sem que o visse?
— Gostaria de pensar que a receita de biscoitos da minha avó o atraiu até aqui, mas não tenho ilusões.
— Linda e esperta.
Vanessa enrijeceu de imediato. Será que todos tinham que falar de sua beleza, nos primeiros dez minutos de conversa?
— Quer um biscoito?
— Não, obrigado.
— Não diga que é uma dessas pessoas que não gosta de biscoitos de chocolate...
— Não.
— Já sei. Não quer vir até a luz para pegá-lo, não é? Ele não respondeu.
— O que mais nega a si mesmo, ao escolher viver no escuro? — Ao falar, ela atirou um biscoito na direção dele.
A mão surgiu na luz, apanhando o biscoito no ar, e ela pôde ver o anel de sinete faiscar.
— E o que vai negar a Pâmela?
— Pesadelos, srta. Hudgens.
— Pode me chamar de Vanessa. E acho que está enganando a si mesmo.
— Não sabe nada a meu respeito, bela — zombou ele. Ela largou a espátula sobre o balcão, num gesto brusco.
— Tem razão, não sei. Assim como não sabe nada a meu respeito... fera. — Virando-se para o fogão, tirou a assadeira com os biscoitos prontos, colocando outra no lugar. Fechando os olhos, tentou, em vão, afastar as lembranças dolorosas. Vanessa... Rainha de beleza. De que lhe adiantara isso, se não tinha sequer conseguido manter o noivo, pensou, cerrando os punhos.
Zachary endireitou-se, imaginando por que estaria tão perturbada.
— Vanessa...
O nome foi pronunciado num tom rouco, sensual, oferecendo uma simpatia que ela não desejava. Os homens, as pessoas, em geral, notavam-lhe primeiro o rosto. Era natural. E Zachary era um homem. O que mais poderia esperar?
— Desculpe-me — disse Vanessa. — Fui muito cruel. Zachary já ouvira coisas piores.
— Deixei você furiosa. Diga por que.
— Não é nada. — Ela continuava arrumando os biscoitos, embalando-os em sacos plásticos.
— Mentirosa.
— Vamos começar de novo? — perguntou, baixinho. Abriu a geladeira e pegou um pedaço de carne e alguns legumes, que colocou sobre o balcão. Não se conheciam o bastante para falar sobre o passado dela, nem pretendia começar a lamentar-se. Tinha muito o que fazer, e não desperdiçaria energia com lembranças tristes. Depois de temperar a carne, voltou a colocá-la na geladeira.
Cortou os legumes cuidadosamente, tentando ignorar a presença máscula. Mas era impossível. O calor que emanava dele era tão forte, que parecia estar perto de uma fogueira.
Obs: Sem comentários, sem mais posts!
E dou o assunto por encerrado.Se querem posts mais rápidos, comentem mais rápidos.
— Não vou sair daqui até ter certeza de que Pâmela tem todo o cuidado e atenção que merece. Entendeu, sr. Black?
Os olhos dele brilharam, embora a expressão do rosto continuasse inalterada.
— Sim, senhora. E pode me chamar de Billy, senhora.
— Vanessa — corrigiu ela, virando-se para a casa e acrescentando — Estou esperando que entreguem as compras. Assim, acho melhor recolocar aquela expressão séria no rosto. Afinal, é o que todos esperam, não é mesmo?
Billy olhou-a afastar-se, lutando para esconder um sorriso.
— Sim, senhora.
O doce aroma de algo assando espalhava-se pela casa, mesclando-se ao som de risadas. Aquilo o atraiu, embora descesse pela antiga escada de serviço, para não ser visto. Passagens escondidas atrás das paredes formavam um labirinto, através do qual podia mover-se sem ser visto, apesar de os corredores serem bem estreitos. Fazia muito tempo que não passava por lá, depois de tê-los descoberto. Não gostava da sensação de passar por eles, mas havia pessoas na casa, depois de anos em que ele e Billy haviam sido os únicos moradores. Mas agora ela estava ali, assando algo na cozinha. A vontade de vê-ia o atraía tanto quanto o aroma do que assava no forno. Mas, acima de tudo, era a risada límpida e espontânea que o atraíra. Podia distingui-la facilmente no meio das outras vozes. Havia algo em Vanessa Hudgens que lhe despertava sensações que julgara adormecidas. Ela o desafiava, provocava, mas Zachary sabia que, se cedesse à tentação de ver o rosto dela, teria muito a perder. A filha precisava de Vanessa, uma vez que ele não podia ficar com ela.
Parando no fim do corredor escuro, afastou um pouco o painel disfarçado que cobria a parede. Ela estava tirando uma assadeira do forno e colocando biscoitos num prato. Era uma cena tão doméstica, comum, algo que Tânia nunca se incomodara em fazer, que o pegou de surpresa. Havia três pessoas sentadas nos bancos altos. Vanessa ofereceu os biscoitos aos convidados. Convidados, ali, na casa dele. Pela primeira vez. Queria ficar zangado. Queria que fossem embora, pela simples razão de que não podia unir-se a eles.
E ao vê-la conversando, tão animada, seu isolamento parecia ainda mais difícil e amargo.
Mas ela era tão linda, os homens pareciam fascinados pelo que dizia. E então, quando Vanessa inclinou-se para colocar outra assadeira no forno, Zachary percebeu que todos olhavam as formas do corpo bem-feito. Será que os homens estavam ali movidos pela curiosidade em relação a casa, ou apenas por causa dela?
— É uma casa muito grande — disse o adolescente, que ele reconheceu como o entregador que trazia as compras.
— Sim, é enorme — respondeu ela, colocando colheradas de massa na forma.
— Apavorante — disse um dos homens, olhando ao redor.
— Adoro a casa — afirmou Vanessa. — É linda, charmosa. A arquitetura, as pedras, tudo lembra a história de muitas partes do mundo.
Era exatamente o que sentira ao ver a casa, pensou Zachary, inclinando-se para ouvir melhor.
— Você já o viu?
— É claro.
— É muito horrível?
Zachary esperou pela resposta, prendendo a respiração.
— Não tem nada de mais.
Nada de mentiras, nem de informações, e ele imaginou por que Vanessa estaria agindo assim.
— Então por que se esconde?
— Ele é um homem reservado, e talvez por não ter sido bem recebido... —Vanessa parou de arrumar os biscoitos e virou-se, fitando-os por cima do ombro. Zachary percebeu a determinação na voz dela. — E se alguém ousar fazer qualquer comentário na frente da filha dele, terei que mostrar como meu avô me ensinou a atirar muito bem. E também como tirar a pele dos animais que caçávamos.
Zachary disfarçou uma risada, e quando olhou novamente, os convidados riam, sem jeito, não muito certos se ela falava a sério ou não. Logo se despediam, agradecendo pelo café.
Vanessa acompanhou-os, fechando a porta assim que saíram. Voltando para o balcão, pegou a forma que acabara de encher e colocou-a no forno, no lugar da que já estava pronta. Não conhecia nenhuma criança que não gostasse de biscoitos de chocolate, e esperava que Pâmela não fosse uma exceção. Queria que a menina se sentisse bem-vinda naquela casa escura e silenciosa. De repente, percebeu que não estava sozinha e ergueu o olhar. Então o viu, uma sombra escura entre a parede do canto e a porta entreaberta da despensa.
Uma sombra grande, larga, da qual só podia ver o jeans surrado que cobria as pernas fortes. Como chegara até ali sem que o visse?
— Gostaria de pensar que a receita de biscoitos da minha avó o atraiu até aqui, mas não tenho ilusões.
— Linda e esperta.
Vanessa enrijeceu de imediato. Será que todos tinham que falar de sua beleza, nos primeiros dez minutos de conversa?
— Quer um biscoito?
— Não, obrigado.
— Não diga que é uma dessas pessoas que não gosta de biscoitos de chocolate...
— Não.
— Já sei. Não quer vir até a luz para pegá-lo, não é? Ele não respondeu.
— O que mais nega a si mesmo, ao escolher viver no escuro? — Ao falar, ela atirou um biscoito na direção dele.
A mão surgiu na luz, apanhando o biscoito no ar, e ela pôde ver o anel de sinete faiscar.
— E o que vai negar a Pâmela?
— Pesadelos, srta. Hudgens.
— Pode me chamar de Vanessa. E acho que está enganando a si mesmo.
— Não sabe nada a meu respeito, bela — zombou ele. Ela largou a espátula sobre o balcão, num gesto brusco.
— Tem razão, não sei. Assim como não sabe nada a meu respeito... fera. — Virando-se para o fogão, tirou a assadeira com os biscoitos prontos, colocando outra no lugar. Fechando os olhos, tentou, em vão, afastar as lembranças dolorosas. Vanessa... Rainha de beleza. De que lhe adiantara isso, se não tinha sequer conseguido manter o noivo, pensou, cerrando os punhos.
Zachary endireitou-se, imaginando por que estaria tão perturbada.
— Vanessa...
O nome foi pronunciado num tom rouco, sensual, oferecendo uma simpatia que ela não desejava. Os homens, as pessoas, em geral, notavam-lhe primeiro o rosto. Era natural. E Zachary era um homem. O que mais poderia esperar?
— Desculpe-me — disse Vanessa. — Fui muito cruel. Zachary já ouvira coisas piores.
— Deixei você furiosa. Diga por que.
— Não é nada. — Ela continuava arrumando os biscoitos, embalando-os em sacos plásticos.
— Mentirosa.
— Vamos começar de novo? — perguntou, baixinho. Abriu a geladeira e pegou um pedaço de carne e alguns legumes, que colocou sobre o balcão. Não se conheciam o bastante para falar sobre o passado dela, nem pretendia começar a lamentar-se. Tinha muito o que fazer, e não desperdiçaria energia com lembranças tristes. Depois de temperar a carne, voltou a colocá-la na geladeira.
Cortou os legumes cuidadosamente, tentando ignorar a presença máscula. Mas era impossível. O calor que emanava dele era tão forte, que parecia estar perto de uma fogueira.
Obs: Sem comentários, sem mais posts!
E dou o assunto por encerrado.Se querem posts mais rápidos, comentem mais rápidos.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Parte 5 e 6 do Capítulo 2
Saindo para a varanda, Vanessa gritou:
— Desculpe-me. Não tive a intenção de me intrometer.
— Mas fez exatamente isso — disse Efron, vestindo o casaco de costas para ela.
— Desculpe-me. Vou para outro lugar.
Zachary suspirou, desejando virar e fitá-la nos olhos.
— Não quero que sinta que precisa afastar-se de onde estou.
— Mas é exatamente o que quer. Preferia que eu não estivesse aqui, não é mesmo? — Ela viu que os ombros dele enrijeciam. — O mínimo que podemos fazer é ser honestos um com o outro.
Zachary apertou os lábios, suspirando mais uma vez.
— É verdade. Mas posso garantir que não me importo de não ter mais a casa só para mim.
— Não precisa se esconder.
— Eu não me escondo. Escolhi este estilo de vida, srta. Hudgens, e nos últimos quatro anos aprendi que é a melhor maneira de viver.
— Quer dizer, a mais fácil.
— Nada é fácil para mim, senhorita.
— E quanto a sua filha? Ela espera encontrar o pai. Precisa de carinho e conforto. Perdeu a mãe.
O peito de Zachary apertou-se ao pensar na tristeza de Pâmela, e como gostaria de confortá-la.
— Foi por isso que a contratei, srta. Hudgens.
— E não se importa com ela?
Como podia dizer a Vanessa que ao saber da existência da filha, poucas semanas atrás, sentira raiva da mãe de Pâmela, por abandoná-lo, carregando no ventre o bebê que era deles, por não lhe dar uma chance de conhecer a criança, antes de lhe tirar tudo que tinha. O amor pela mulher desaparecera quando ela partira, abandonando-o quando ele mais precisava, condenando-o à prisão e ao isolamento. Como podia esquecer o passado?
— Eu me importo. Muito. Mas mal tive tempo de me acostumar com a idéia de que sou pai. — Ele começou a andar para a garagem.
— É bom se acostumar — disparou Vanessa, enquanto ele se afastava.
— Depois de amanhã ela estará aqui, querendo vê-lo, e como poderei explicar que o pai não quer encontrá-la?
— Diga a verdade — respondeu ele, sem parar de andar. — Que o pai não quer ser mais uma fonte de pesadelos para ela.
A resposta deixou-a sem ação, e antes que pudesse pensar no que dizer, ele tinha desaparecido. Virando-se, ela fitou Billy.
— Acho que as coisas não correram muito bem, não é? Billy observou-a atentamente, como se estivesse avaliando cada detalhe, e Vanessa não saberia dizer qual fora a impressão do homem, já que sua expressão continuava impenetrável.
— Não, madame.
— Sou Vanessa Hudgens.
— O sr. Efron me disse.
— E o que mais ele falou a meu respeito?
A expressão de Billy continuou impenetrável, e ele virou-se para arrumar as pilhas de madeira. Por certo precisariam delas para aquecer-se nas noites de tempestade, imaginou Vanessa, pensando em como o castelo de pedra devia ser frio no inverno.
— Todos na cidade têm uma imagem errada dele. Mas já deve saber disso, não é? — Ela admirava o fato de o caseiro respeitar o segredo de Efron, mesmo exposto à curiosidade de todos.
Billy arrumou mais uma pilha.
— Poderia ao menos me dizer como é a rotina dele? Assim poderei ficar fora do caminho.
Billy afastou o boné para trás, fitando-a por alguns instantes, antes de falar:
— Não.
— O quê? — Ela não podia acreditar no que ouvira.
— O sr. Efron não segue rotinas, faz o que quer. Se encontrá-lo novamente vai ter que lidar com a situação.
— Obrigada pela ajuda. — Vanessa cruzou os braços, fitando-o diretamente. — Prefere vê-lo se escondendo, ou saindo da toca para conhecer a filha?
— Desculpe-me. Não tive a intenção de me intrometer.
— Mas fez exatamente isso — disse Efron, vestindo o casaco de costas para ela.
— Desculpe-me. Vou para outro lugar.
Zachary suspirou, desejando virar e fitá-la nos olhos.
— Não quero que sinta que precisa afastar-se de onde estou.
— Mas é exatamente o que quer. Preferia que eu não estivesse aqui, não é mesmo? — Ela viu que os ombros dele enrijeciam. — O mínimo que podemos fazer é ser honestos um com o outro.
Zachary apertou os lábios, suspirando mais uma vez.
— É verdade. Mas posso garantir que não me importo de não ter mais a casa só para mim.
— Não precisa se esconder.
— Eu não me escondo. Escolhi este estilo de vida, srta. Hudgens, e nos últimos quatro anos aprendi que é a melhor maneira de viver.
— Quer dizer, a mais fácil.
— Nada é fácil para mim, senhorita.
— E quanto a sua filha? Ela espera encontrar o pai. Precisa de carinho e conforto. Perdeu a mãe.
O peito de Zachary apertou-se ao pensar na tristeza de Pâmela, e como gostaria de confortá-la.
— Foi por isso que a contratei, srta. Hudgens.
— E não se importa com ela?
Como podia dizer a Vanessa que ao saber da existência da filha, poucas semanas atrás, sentira raiva da mãe de Pâmela, por abandoná-lo, carregando no ventre o bebê que era deles, por não lhe dar uma chance de conhecer a criança, antes de lhe tirar tudo que tinha. O amor pela mulher desaparecera quando ela partira, abandonando-o quando ele mais precisava, condenando-o à prisão e ao isolamento. Como podia esquecer o passado?
— Eu me importo. Muito. Mas mal tive tempo de me acostumar com a idéia de que sou pai. — Ele começou a andar para a garagem.
— É bom se acostumar — disparou Vanessa, enquanto ele se afastava.
— Depois de amanhã ela estará aqui, querendo vê-lo, e como poderei explicar que o pai não quer encontrá-la?
— Diga a verdade — respondeu ele, sem parar de andar. — Que o pai não quer ser mais uma fonte de pesadelos para ela.
A resposta deixou-a sem ação, e antes que pudesse pensar no que dizer, ele tinha desaparecido. Virando-se, ela fitou Billy.
— Acho que as coisas não correram muito bem, não é? Billy observou-a atentamente, como se estivesse avaliando cada detalhe, e Vanessa não saberia dizer qual fora a impressão do homem, já que sua expressão continuava impenetrável.
— Não, madame.
— Sou Vanessa Hudgens.
— O sr. Efron me disse.
— E o que mais ele falou a meu respeito?
A expressão de Billy continuou impenetrável, e ele virou-se para arrumar as pilhas de madeira. Por certo precisariam delas para aquecer-se nas noites de tempestade, imaginou Vanessa, pensando em como o castelo de pedra devia ser frio no inverno.
— Todos na cidade têm uma imagem errada dele. Mas já deve saber disso, não é? — Ela admirava o fato de o caseiro respeitar o segredo de Efron, mesmo exposto à curiosidade de todos.
Billy arrumou mais uma pilha.
— Poderia ao menos me dizer como é a rotina dele? Assim poderei ficar fora do caminho.
Billy afastou o boné para trás, fitando-a por alguns instantes, antes de falar:
— Não.
— O quê? — Ela não podia acreditar no que ouvira.
— O sr. Efron não segue rotinas, faz o que quer. Se encontrá-lo novamente vai ter que lidar com a situação.
— Obrigada pela ajuda. — Vanessa cruzou os braços, fitando-o diretamente. — Prefere vê-lo se escondendo, ou saindo da toca para conhecer a filha?
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Partes 2,3 e 4 do Capítulo 2
— Ele está desfigurado — gaguejou o jovem que embalava suas compras.
— Se nunca o viu, como pode saber disso?
O garoto deu de ombros, como se fosse de conhecimento geral. Embora ninguém tivesse visto Cullen.
— Não acho que a aparência seja importante — respondeu ela, tentando controlar-se, e detestando que as pessoas dessem tanta importância às aparências. Ela sabia, por experiência própria, como isso era injusto e preconceituoso, embora por motivos opostos. As mulheres recusavam-se a ser suas amigas, acreditando que se imaginava melhor do que elas. Os homens quase pisoteavam uns nos outros para aproximar-se, todos tentando levá-la para a cama, ou convidá-la para um acontecimento social, onde pudessem exibi-la como um troféu. Ninguém, nem mesmo o ex-noivo, conseguira ver além do rosto lindo que Deus lhe dera. E, aparentemente, ninguém queria ver além das cicatrizes de Cullen.
Tudo isso fazia Bella sentir um estranho impulso de defender um homem que nem conhecia. Era difícil manter o controle diante de tantos preconceitos.
— Coloque na conta dele, e mande entregar por volta das três — pediu, saindo depressa e sentindo que todos os olhares a acompanhavam.
Em vez de pegar um táxi para casa, resolveu acalmar-se, caminhando pela pitoresca cidadezinha. Mas as lembranças continuavam a atormentá-la. A mãe, arrastando-a para comerciais de tevê, desde bem pequena, os concursos, tudo que sempre detestara. E quando crescera, escolhia participar apenas dos que lhe interessavam, porque queria ir para a faculdade, e precisava do dinheiro.Olhando em volta, viu as vitrines das pequenas lojas, os bancos de madeira espalhados por vários locais, turistas e moradores passeando e fazendo compras. Dois homens mais velhos sentavam-se junto ao cais, trocando histórias de pescaria. Vanessa sorriu, lembrando-se do avô, sentado na cadeira de balanço da varanda, esculpindo pequenos animais de madeira para que ela e os irmãos brincassem. Aliás, eram os únicos brinquedos que tinham.
Uma vida simples, mas cheia de amor, pensou, com saudade do avô.
Ela respirou fundo, saboreando a brisa fria que vinha do mar. Como o sol estava alto ainda fazia calor, mas logo chegaria à estação dos furacões, com chuva, umidade e frio intenso. Cruzando os braços para proteger-se, andou mais depressa para a pequena estrada que levava o castelo. Em poucos minutos entrava no calor acolhedor da casa.
Depois de preparar café, esfregou os braços gelados, e ouviu um ruído vindo de fora. Franzindo a testa, foi até a porta de trás e afastou as cortinas que cobriam a pequena janela. Todos os seus impulsos femininos tornaram-se vivos e intensos, ao ver as costas nuas do homem que cortava lenha. Os músculos poderosos moviam-se numa dança da qual não conseguia afastar os olhos.
Efron.
Como era bonito, usando apenas jeans e botas! De onde estava, podia ver apenas o perfil do rosto, com certeza o lado sem cicatrizes, já que os traços eram aristocráticos e bem-feitos. Os cabelos escuros flutuavam ao vento, cobrindo totalmente a nuca.
Os braços eram fortes, musculosos, e ao erguer o machado para cortar mais uma tora, Vanessa pôde ver como eram poderosos, já que a madeira partiu-se em um golpe. Ele deu mais alguns golpes e depois parou, apoiado no cabo do machado. Quando começou a falar, Vanessa percebeu que não estava sozinho e foi até a janela. Outro homem, mais velho, sentava-se num banco e brincava com um canivete. Era Billy Fresh, e aparentemente era bem mais do que um caseiro. Era amigo de Efron. Talvez seu único amigo. Billy conversava animadamente, o rosto moreno e enrugado meio coberto pelo boné.
A camiseta escura ajustava-se ao tórax esguio, e o jeans estava tão gasto nos joelhos que a cor desbotara. Ela observava os dois homens, e como se Efron soubesse que estava ali, continuava de costas. Ainda assim, pôde ver cicatrizes longas e finas descendo pelas costelas, como se tivessem sido feitas por adagas afiadas.
Devia ter sido muito doloroso, e mais uma vez, imaginou como teria sido o acidente. De repente, ele inclinou a cabeça para trás e riu. O som, carregado pelo vento, chegou até Vanessa, que estremeceu, sentindo um estranho calor percorrê-la. Pelo menos ele não tinha perdido a capacidade de desfrutar de pequenos prazeres, como conversar e rir com um amigo, pensou, desejando juntar-se a eles.
Mas, se quisesse que o visse, já teria aparecido.
Ele disse algo que fez Billy corar. Logo se levantava, sorria para Efron e colocava mais toras aos pés dele. Efron continuou a trabalhar, cortando tora por tora, enquanto Billy empilhava os pedaços. Então, o caseiro parou, olhando diretamente para ela.
Vanessa sustentou o olhar.
Efron largou o machado e pegou o casaco com capuz.
— Se nunca o viu, como pode saber disso?
O garoto deu de ombros, como se fosse de conhecimento geral. Embora ninguém tivesse visto Cullen.
— Não acho que a aparência seja importante — respondeu ela, tentando controlar-se, e detestando que as pessoas dessem tanta importância às aparências. Ela sabia, por experiência própria, como isso era injusto e preconceituoso, embora por motivos opostos. As mulheres recusavam-se a ser suas amigas, acreditando que se imaginava melhor do que elas. Os homens quase pisoteavam uns nos outros para aproximar-se, todos tentando levá-la para a cama, ou convidá-la para um acontecimento social, onde pudessem exibi-la como um troféu. Ninguém, nem mesmo o ex-noivo, conseguira ver além do rosto lindo que Deus lhe dera. E, aparentemente, ninguém queria ver além das cicatrizes de Cullen.
Tudo isso fazia Bella sentir um estranho impulso de defender um homem que nem conhecia. Era difícil manter o controle diante de tantos preconceitos.
— Coloque na conta dele, e mande entregar por volta das três — pediu, saindo depressa e sentindo que todos os olhares a acompanhavam.
Em vez de pegar um táxi para casa, resolveu acalmar-se, caminhando pela pitoresca cidadezinha. Mas as lembranças continuavam a atormentá-la. A mãe, arrastando-a para comerciais de tevê, desde bem pequena, os concursos, tudo que sempre detestara. E quando crescera, escolhia participar apenas dos que lhe interessavam, porque queria ir para a faculdade, e precisava do dinheiro.Olhando em volta, viu as vitrines das pequenas lojas, os bancos de madeira espalhados por vários locais, turistas e moradores passeando e fazendo compras. Dois homens mais velhos sentavam-se junto ao cais, trocando histórias de pescaria. Vanessa sorriu, lembrando-se do avô, sentado na cadeira de balanço da varanda, esculpindo pequenos animais de madeira para que ela e os irmãos brincassem. Aliás, eram os únicos brinquedos que tinham.
Uma vida simples, mas cheia de amor, pensou, com saudade do avô.
Ela respirou fundo, saboreando a brisa fria que vinha do mar. Como o sol estava alto ainda fazia calor, mas logo chegaria à estação dos furacões, com chuva, umidade e frio intenso. Cruzando os braços para proteger-se, andou mais depressa para a pequena estrada que levava o castelo. Em poucos minutos entrava no calor acolhedor da casa.
Depois de preparar café, esfregou os braços gelados, e ouviu um ruído vindo de fora. Franzindo a testa, foi até a porta de trás e afastou as cortinas que cobriam a pequena janela. Todos os seus impulsos femininos tornaram-se vivos e intensos, ao ver as costas nuas do homem que cortava lenha. Os músculos poderosos moviam-se numa dança da qual não conseguia afastar os olhos.
Efron.
Como era bonito, usando apenas jeans e botas! De onde estava, podia ver apenas o perfil do rosto, com certeza o lado sem cicatrizes, já que os traços eram aristocráticos e bem-feitos. Os cabelos escuros flutuavam ao vento, cobrindo totalmente a nuca.
Os braços eram fortes, musculosos, e ao erguer o machado para cortar mais uma tora, Vanessa pôde ver como eram poderosos, já que a madeira partiu-se em um golpe. Ele deu mais alguns golpes e depois parou, apoiado no cabo do machado. Quando começou a falar, Vanessa percebeu que não estava sozinho e foi até a janela. Outro homem, mais velho, sentava-se num banco e brincava com um canivete. Era Billy Fresh, e aparentemente era bem mais do que um caseiro. Era amigo de Efron. Talvez seu único amigo. Billy conversava animadamente, o rosto moreno e enrugado meio coberto pelo boné.
A camiseta escura ajustava-se ao tórax esguio, e o jeans estava tão gasto nos joelhos que a cor desbotara. Ela observava os dois homens, e como se Efron soubesse que estava ali, continuava de costas. Ainda assim, pôde ver cicatrizes longas e finas descendo pelas costelas, como se tivessem sido feitas por adagas afiadas.
Devia ter sido muito doloroso, e mais uma vez, imaginou como teria sido o acidente. De repente, ele inclinou a cabeça para trás e riu. O som, carregado pelo vento, chegou até Vanessa, que estremeceu, sentindo um estranho calor percorrê-la. Pelo menos ele não tinha perdido a capacidade de desfrutar de pequenos prazeres, como conversar e rir com um amigo, pensou, desejando juntar-se a eles.
Mas, se quisesse que o visse, já teria aparecido.
Ele disse algo que fez Billy corar. Logo se levantava, sorria para Efron e colocava mais toras aos pés dele. Efron continuou a trabalhar, cortando tora por tora, enquanto Billy empilhava os pedaços. Então, o caseiro parou, olhando diretamente para ela.
Vanessa sustentou o olhar.
Efron largou o machado e pegou o casaco com capuz.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Capítulo II
Devia ter telefonado pedindo as compras, pensou Vanessa, enchendo o carrinho e tentando ignorar as pessoas que a observavam, os jovens, muito mais jovens do que os que pensaria em namorar, fitando-a intensamente. Ela sorriu docemente, um típico sorriso de passarela, admitiu, rindo baixinho. Alguns homens eram pescadores, e ainda usavam as botas de borracha da pescaria.
Checando a lista, Vanessa dirigiu-se ao caixa. Vai começar, pensou, vendo que as pessoas aproximavam-se de onde estava, como felinos. Um adolescente que varria o chão chegou mais perto. A vendedora parecia não ter pressa, fitando-a demoradamente, apesar da fila. Os clientes não tiravam os olhos dela. Não era de admirar que Efron não saísse de casa. O que teria acontecido com a hospitalidade do sul?
— Você é nova aqui? — perguntou a vendedora, uma loira que usava argolas enormes nas orelhas e mastigava chiclete.
— Sim. É uma linda ilha — disse Vanessa. Era melhor deixá-los orgulhosos da terra onde viviam.
— Está no castelo, não é?
— Sou a babá que o sr. Efron contratou.
— Babá?! — exclamaram várias pessoas ao mesmo tempo.Vanessa olhou ao redor, fitando um a um, todos que estavam
próximos.
— O sr. Efron está esperando a filha chegar, e estou aqui para cuidar dela.
— Pobre criança — disse uma velha senhora, num tom sombrio.
— Por quê? — perguntou Vanessa, embora soubesse a resposta.
— Imagine ter um homem tão horrível como pai.
— Conhece o sr. Cullen? — perguntou Vanessa.
— Não exatamente.
Esperando que sua expressão fosse da mais pura inocência, indagou:
— Então, como pode saber como ele é?
— Ele nunca sai daquele lugar — disse a vendedora. — Não mostra o rosto há quatro anos. Nem mesmo Billy, que mora lá, conseguiu vê-lo de perto.
Billy, Vanessa imaginou, devia ser o caseiro, que ainda não conhecera.
Checando a lista, Vanessa dirigiu-se ao caixa. Vai começar, pensou, vendo que as pessoas aproximavam-se de onde estava, como felinos. Um adolescente que varria o chão chegou mais perto. A vendedora parecia não ter pressa, fitando-a demoradamente, apesar da fila. Os clientes não tiravam os olhos dela. Não era de admirar que Efron não saísse de casa. O que teria acontecido com a hospitalidade do sul?
— Você é nova aqui? — perguntou a vendedora, uma loira que usava argolas enormes nas orelhas e mastigava chiclete.
— Sim. É uma linda ilha — disse Vanessa. Era melhor deixá-los orgulhosos da terra onde viviam.
— Está no castelo, não é?
— Sou a babá que o sr. Efron contratou.
— Babá?! — exclamaram várias pessoas ao mesmo tempo.Vanessa olhou ao redor, fitando um a um, todos que estavam
próximos.
— O sr. Efron está esperando a filha chegar, e estou aqui para cuidar dela.
— Pobre criança — disse uma velha senhora, num tom sombrio.
— Por quê? — perguntou Vanessa, embora soubesse a resposta.
— Imagine ter um homem tão horrível como pai.
— Conhece o sr. Cullen? — perguntou Vanessa.
— Não exatamente.
Esperando que sua expressão fosse da mais pura inocência, indagou:
— Então, como pode saber como ele é?
— Ele nunca sai daquele lugar — disse a vendedora. — Não mostra o rosto há quatro anos. Nem mesmo Billy, que mora lá, conseguiu vê-lo de perto.
Billy, Vanessa imaginou, devia ser o caseiro, que ainda não conhecera.
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